sábado, 30 de novembro de 2013

Um amor não é feito só de sentimentos...

Um amor não é feito só de sentimentos, e nem só de planos, e nem só de atos heroicos e nem só de ações.
Um amor, quando é bem grande, fica tão grande que precisa se tornar presente, precisa ser expressado e concretizado.
Talvez porque todo amor, mesmo novinho, mesmo cheio de esperança de durar sabe que é frágil e que pode acabar antes mesmo de conseguir renovar-se.
E precisa deixar muitos sinais, muitas marcas para ser lembrado.
Porque o sonho de todo amor, se não puder ser eterno, é ser assim: Inesquecível.

Vinícius de Moraes

sábado, 23 de novembro de 2013

Quase...

Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase.
É o quase que incomoda, que entristece, que mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.
Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou.
Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que
se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa
maldita mania de viver no outono.
Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou
melhor não me pergunto, contesto.
A resposta eu sei de cór, está estampada na distância e frieza dos
sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia", quase que
sussurrados. Sobra covardia e falta de coragem até pra ser feliz. A paixão
queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Talvez esses fossem bons motivos
para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são.
Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os
dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza. O nada não ilumina,
não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz
dentro de si.
Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance;
para as coisas que não podem ser mudadas, resta-nos somente paciência.
Porém, preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a
oportunidade de merecer. Pros erros há perdão; pros fracassos, chance;
pros amores impossíveis, tempo.
De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance
cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance. Não deixe que a saudade
sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar.
Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que
sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora
quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.

Luiz F. Veríssimo

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Não somos perfeitos...

Não devemos nos cobrar tanto. Não somos perfeitos, embora tenhamos, dentro de nós, todos os ingredientes para alcançarmos a perfeição. Mas isso demora. É preciso experienciar muitas vidas para nos aproximarmos da verdadeira iluminação. Enquanto isso não acontece, vamos tentando...
Temos que ser compreensivos com as nossas limitações. Deixar o orgulho de lado e aceitar que desconhecemos muitas coisas, não podemos tudo, não somos infalíveis. Essas são ilusões deixadas pelo orgulho. Vencer o orgulho é difícil, é vencer a parte mais ditadora em nós, aquela que luta para comandar nossos pensamentos e atitudes mais mesquinhos e danosos.
O esforço é próprio e pessoal e deve começar com a aceitação. Aceitar que somos orgulhosos é complicado, mas é preciso. À medida que vamos caminhando, vamos deixando pelo caminho nossas imperfeições, mas o orgulho costuma ser o último a nos abandonar.
Mas só seremos verdadeiramente livres quando conseguirmos, finalmente, nos desapegar das armadilhas do orgulho e fazer brilhar em nós a luz da simplicidade e do amor.
 
Autor desconhecido

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Este é o maior fracasso da democracia portuguesa.


Não admira que num país assim emerjam cavalgaduras, que chegam ao topo, dizendo ter formação, que nunca adquiriram, (Olá! camaradas Sócrates...Olá! Armando Vara...), que usem dinheiros públicos (fortunas escandalosas) para se promoverem pessoalmente face a um público acrítico, burro e embrutecido.
Este é um país em que a Câmara Municipal de Lisboa, em governação socialista, distribui casas de RENDA ECONÓMICA - mas não de construção económica - aos seus altos funcionários e jornalistas, em que estes últimos, em atitude de gratidão, passaram a esconder as verdadeiras notícias e passaram a "prostituir-se" na sua dignidade profissional, a troco de participar nos roubos de dinheiros públicos, destinados a gente carenciada, mas mais honesta que estes bandalhos.
Em dado momento a actividade do jornalismo constituiu-se como O VERDADEIRO PODER. Só pela sua acção se sabia a verdade sobre os podres forjados pelos políticos e pelo poder judicial. Agora continua a ser o VERDADEIRO PODER mas senta-se à mesa dos corruptos e com eles partilha os despojos, rapando os ossos ao esqueleto deste povo burro e embrutecido.

Para garantir que vai continuar burro o grande "cavallia" (que em português significa cavalgadura) desferiu o golpe de morte ao ensino público e coroou a acção com a criação das Novas Oportunidades.
Gente assim mal formada vai aceitar tudo, e o país será o pátio de recreio dos mafiosos.
A justiça portuguesa não é apenas cega. É surda, muda, coxa e marreca.
Portugal tem um défice de responsabilidade civil, criminal e moral muito maior do que o seu défice financeiro, e nenhum português se preocupa com isso, apesar de pagar os custos da morosidade, do secretismo, do encobrimento, do compadrio e da corrupção.

Os portugueses, na sua infinita e pacata desordem existencial, acham tudo "normal" e encolhem os ombros.
Por uma vez gostava que em Portugal alguma coisa tivesse um fim, ponto final, assunto arrumado.
Não se fala mais nisso. Vivemos no país mais inconclusivo do mundo, em permanente agitação sobre tudo e sem concluir nada.
Desde os Templários e as obras de Santa Engrácia, que se sabe que, nada acaba em Portugal, nada é levado às últimas consequências, nada é definitivo e tudo é improvisado, temporário, desenrascado.
Da morte de Francisco Sá Carneiro e do eterno mistério que a rodeia, foi crime, não foi crime, ao desaparecimento de Madeleine McCann ou ao caso Casa Pia, sabemos de antemão que nunca saberemos o fim destas histórias, nem o que verdadeiramente se passou, nem quem são os criminosos ou quantos crimes houve.
Tudo a que temos direito são informações caídas a conta-gotas, pedaços de enigma, peças do quebra-cabeças. E habituamo-nos a prescindir de apurar a verdade porque intimamente achamos que não saber o final da história é uma coisa normal em Portugal, e que este é um país onde as coisas importantes são "abafadas", como se vivêssemos ainda em ditadura.
E os novos códigos Penal e de Processo Penal em nada vão mudar este estado de coisas. Apesar dos jornais e das televisões, dos blogs, dos computadores e da Internet, apesar de termos acesso em tempo real ao maior número de notícias de sempre, continuamos sem saber nada, e esperando nunca vir a saber com toda a naturalidade.
Do caso Portucale à Operação Furacão, da compra dos submarinos às escutas ao primeiro-ministro, do caso da Universidade Independente ao caso da Universidade Moderna, do Futebol Clube do Porto ao Sport Lisboa Benfica, da corrupção dos árbitros à corrupção dos autarcas, de Fátima Felgueiras a Isaltino Morais, da Braga Parques ao grande empresário Bibi, das queixas tardias de Catalina Pestana às de João Cravinho, há por aí alguém que acredite que algum destes secretos arquivos e seus possíveis e alegados, muitos alegados crimes, acabem por ser investigados, julgados e devidamente punidos?
Vale e Azevedo pagou por todos?
Quem se lembra do miúdo electrocutado no semáforo e do outro afogado num parque aquático?
Quem se lembra das crianças assassinadas na Madeira e do mistério dos crimes imputados ao padre Frederico?
Quem se lembra que um dos raros condenados em Portugal, o mesmo padre Frederico, acabou a passear no Calçadão de Copacabana?
Quem se lembra do autarca alentejano queimado no seu carro e cuja cabeça foi roubada do Instituto de Medicina Legal?
Em todos estes casos, e muitos outros, menos falados e tão sombrios e enrodilhados como estes, a verdade a que tivemos direito foi nenhuma.
No caso McCann, cujos desenvolvimentos vão do escabroso ao incrível, alguém acredita que se venha a descobrir o corpo da criança ou a condenar alguém?

As últimas notícias dizem que Gerry McCann não seria pai biológico da criança, contribuindo para a confusão desta investigação em que a Polícia espalha rumores e indícios que não têm substância.
E a miúda desaparecida em Figueira? O que lhe aconteceu? E todas as crianças desaparecida antes delas, quem as procurou?
E o processo do Parque, onde tantos clientes buscavam prostitutos, alguns menores, onde tanta gente "importante" estava envolvida, o que aconteceu? Alguns até arranjaram cargos em organismos da UE.
Arranjou-se um bode expiatório, foi o que aconteceu.
E as famosas fotografias de Teresa Costa Macedo? Aquelas em que ela reconheceu imensa gente "importante", jogadores de futebol, milionários, políticos, onde estão? Foram destruídas? Quem as destruiu e porquê?
E os crimes de evasão fiscal de Artur Albarran mais os negócios escuros do grupo Carlyle do senhor Carlucci em Portugal, onde é que isso pára?
O mesmo grupo Carlyle onde labora o ex-ministro Martins da Cruz, apeado por causa de um pequeno crime sem importância, o da cunha para a sua filha.
E aquele médico do Hospital de Santa Maria, suspeito de ter assassinado doentes por negligência? Exerce medicina?
E os que sobram e todos os dias vão praticando os seus crimes de colarinho branco sabendo que a justiça portuguesa não é apenas cega, é surda, muda, coxa e marreca.
Passado o prazo da intriga e do sensacionalismo, todos estes casos são arquivados nas gavetas das nossas consciências e condenados ao esquecimento.
Ninguém quer saber a verdade.
Ou, pelo menos, tentar saber a verdade.
Nunca saberemos a verdade sobre o caso Casa Pia, nem saberemos quem eram as redes e os "senhores importantes" que abusaram, abusam e abusarão de crianças em Portugal, sejam rapazes ou raparigas, visto que os abusos sobre meninas ficaram sempre na sombra.
Existe em Portugal uma camada subterrânea de segredos e injustiças, de protecções e lavagens, de corporações e famílias, de eminências e reputações, de dinheiros e negociações que impede a escavação da verdade.

 Clara Ferreira Alves 

"Expresso"