segunda-feira, 24 de março de 2014

Hoje não tenho sobre O que Escrever...

 

Hoje não tenho sobre O que Escrever...

As Palavras consomem-me o Raciocínio...

Vagueiam na minha Mente como Dançarinas Árabes...

As suas Letrinhas saltam Delirantes no Jardim do meu Cérebro...
Pedem-me, amiúde, para as Organizar por Turmas e lhes dedicar Temas...
Eu sou o Professor de Filosofia e Elas o meu Recital...
 Pego nas Letras sempre com um Júbilo Renovado próprio de quem vai de Novo Renascer...
Transformo-as em Palavras fazendo Delas a minha Família Narrativa...

Hoje não tenho sobre O que Escrever...

As Letras estão no Recreio e Sinto a sua Irreverência...

Não vou conseguir facilmente Esgrimir Frases porque elas Dançam Mirabolantes...
Não vou conseguir facilmente Inventar Palavras pois elas Rodopiam Ofegantes...

Eu sou o Professor de Filosofia e elas o meu Recital...

 Amanheço com a Simbiose que me Germina a Literatura...
Adormeço com o Paladar que a Poesia me Ensina...

As Palavras consomem-me o Raciocínio...

Nelas vejo o Despeito, a Inveja, a Lascívia e o Enamoramento...

Adoro fazer Castelos de Cartas com as Letritas Rebeldes que a minha Imaginação Alimenta...
Adoro Amamentar a minha Música Interior com o Som Profano que a sua Emoção Fotografa...

Faço o Sumário da minha Vida todos os dias quando Acordo...
As Letras projectam-se no meu Universo construindo Imagens Bíblicas...

 As Palavras saltitam Imberbes sob o meu Olhar Fixo e Mundano...
As Frases acompanham-me numa Viagem sem Fim…
A Caminho da Vida...

Hoje não tenho sobre O que Escrever...

As Letras estão no Recreio e Sinto a sua Irreverência...
Vou Ficar a Observá-las...

 Paciente...
Orgulhoso...
Intimidado...

Olho o Céu…
Cerro os Olhos…
Ouço unicamente uma Sinfonia de Palavras…
Vou Chamar-lhes…The Dancing Words…

Autor desconhecido


quinta-feira, 20 de março de 2014

O Amor é Mais Forte


Os amantes de hoje preferem a droga mais leve, o tabaco mais light ou o café descafeinado. Já ninguém quer ficar pedrado de amor ou sofrer de uma overdose de paixão. As emoções fortes são fracas e as próprias fraquezas revelam-se mais fortes. Os amantes, esses, são igualmente namorados da monotonia e amigos íntimos da disciplina. O que está fora de controlo causa-lhes confusão, e afecta-lhes uma certa zona do cérebro, mas quase nunca lhes toca o coração. O amor devia ser sonhado e devia fazê-los voar; em vez disso é planeado, e quanto muito, fá-los pensar. 
 Sobre o amor não se tem controlo. É um sentimento que nos domina, que nos sufoca e que nos mata. Depois dá-nos um pouco vida. No amor queremos viver, mas pouco nos importa morrer e estamos sempre dispostos a ir mais além. Deixamo-nos cair em tentação, e não nos livramos do mal, embora procuremos o bem. No amor também se tem fé, mas não se conhecem orações: amamos porque cremos, porque desejamos e porque sabemos que o amor existe. Amamos sem saber se somos amados, e por isso podemos acabar desolados, isolados e deprimidos. Que se lixe! O amor não é justo, não é perfeito; no amor não se declaram sentenças nem se proferem comunicados. O amor prefere ser imprevisível, cheio de riscos e de fogo cruzado. No amor os braços não se cruzam, as palavras não se gastam e os gestos servem para o demonstrar. Amar também é lutar, e enfrentar monstros fabulosos com cabeça de leão, corpo de cabra e cauda de dragão. É uma ilusão, um sonho, um absurdo e uma fantasia. O amor não se entende, não se interpreta, não se discerne nem se traduz. Quem ama acredita, mas não sabe bem porquê, não sabe bem o quê, nem percebe bem como. 
Rogério Fernandes, in 'Alterne Activo'

segunda-feira, 17 de março de 2014

De onde vem a nossa dor...





 A dor nas costas vem das costas, a dor de estômago vem do estômago, a dor de cabeça vem da cabeça. E sua dor existencial, vem de onde? Ela vem da história que você meio que viveu, meio que criou – é sabido
que contamos para nós mesmos uma narrativa que nem sempre bate com os fatos. Nossa memória da infância está repleta de fantasias e leituras distorcidas da realidade. Mesmo assim, é a história que decidimos oficializar e passar adiante, e dela resultam muitas de nossas fraturas emocionais. Nossa dor existencial vem também do quanto levamos a sério o que dizem os outros, o que fazem os outros e o que pensam os outros – uma insanidade, pois quem é que realmente sabe o que pensam os outros? Pensamos no lugar deles e sofremos por esse pensamento imaginado. Nossa dor existencial vem dessa transferência descabida.Nossa dor existencial, além disso, vem de modelos projetados como ideais, a saber: é melhor ser vegetariano do que comer carne, fazer faculdade de medicina do que hotelaria, namorar do que ficar sozinho, ter filhos do que não ter, e isso tudo vai gerando uma briga interna entre quem você é e entre quem gostariam que você fosse, a ponto de confundi-lo: existe mesmo uma lógica nas escolhas? Como se não bastasse, nossa dor existencial vem do que não é escolha, mas destino: quem é muito baixinho, ou tem cabelo muito crespo, ou é pobre de amargar, ou tem dificuldade de perder peso vai transformar isso em uma pergunta irrespondível – por que eu? – e a falta de resposta será uma cruz a ser carregada. Nossa dor existencial vem da quantidade de nãos que recebemos, esquecidos que somos de que o “não” é apenas isso, uma proposta negada, um beijo recusado, um adiamento dos nossos sonhos, uma conscientização das coisas como elas são, sem a obrigatoriedade de virarem traumas ou convites à desistência. Nossa dor existencial vem do bebê bem tratado que fomos, nada nos faltava, éramos amamentados, tínhamos as fraldas trocadas, ninavam nosso sono, até que um dia crescemos e o mundo nos comunicou: agora se vire, meu bem. Injustiça fazer isso com uma criança – alguém aí por acaso deixou totalmente de ser criança? Nossa dor existencial vem da incompreensão dos absurdos, da nossa revolta pelos menos favorecidos, da inveja pelos mais favorecidos, da raiva por não atenderem nossos chamados, por cada amanhecer cheio de promessas, pela precariedade das nossas melhores intenções e pela invisibilidade que nos outorgamos: por que nunca ninguém nos enxerga como realmente somos? Dor de dente vem do dente, dor no joelho vem do joelho, dor nas juntas vem das juntas. Nossa dor existencial vem da existência, que nenhum plano de saúde cobre, de tão difícil que é encontrar seu foco e sua cura.
 MARTHA MEDEIROS

domingo, 16 de março de 2014

É nos teus olhos que o mundo inteiro cabe


É nos teus olhos que o mundo inteiro cabe,
mesmo quando as suas voltas me levam para longe de ti;
e se outras voltas me fazem ver nos teus
os meus olhos, não é porque o mundo parou, mas
porque esse breve olhar nos fez imaginar que
só nós é que o fazemos andar.

NUNO JÚDICE

quinta-feira, 13 de março de 2014

São réstias de sol...


São réstias de sol
ou a chuva que cai de mansinho.
E também a lua escondida
e as estrelas que já foram brilhantes.

Os olhares escondidos nas trevas
ou as palavras doces dos amantes.
E também os gestos descobertos
e o deserto gelado e as coisas ínfimas
que nos atraem ou nos repelem.

E somos nós e os outros
ou alguns e todos e nenhum.
E talvez aqueles que são
e não parecem.
Em lado nenhum.

Paula Raposo

quarta-feira, 12 de março de 2014

Viver é uma peripécia...


Viver é...
Viver é uma peripécia. Um dever, um afazer, um prazer, um susto, uma cambalhota. Entre o ânimo e o desânimo, um entusiasmo ora doce, ora dinâmico e agressivo.
Viver não é cumprir nenhum destino, não é ser empurrado ou rasteirado pela sorte. Ou pelo azar. Ou por Deus, que também tem a sua vida. Viver é ter fome. Fome de tudo. De aventura e de amor, de sucesso e de comemoração de cada um dos dias que se podem partilhar com os outros. Viver é não estar quieto, nem conformado, nem ficar ansiosamente à espera.
Viver é romper, rasgar, repetir com criatividade. A vida não é fácil, nem justa, e não dá para a comparar a nossa com a de ninguém. De um dia para o outro ela muda, muda-nos, faz-nos ver e sentir o que não víamos nem sentíamos antes e, possivelmente, o que não veremos nem sentiremos mais tarde.
 Viver é observar, fixar, transformar. Experimentar mudanças. E ensinar, acompanhar, aprendendo sempre. A vida é uma sala de aula onde todos somos professores, onde todos somos alunos. Viver é sempre uma ocasião especial. Uma dádiva de nós para nós mesmos. Os milagres que nos acontecem têm sempre uma impressão digital. A vida é um espaço e um tempo maravilhosos mas não se contenta com a contemplação. Ela exige reflexão. E exige soluções.
A vida é exigente porque é generosa. É dura porque é terna. É amarga porque é doce. É ela que nos coloca as perguntas, cabendo-nos a nós encontrar as respostas. Mas nada disso é um jogo. A vida é a mais séria das coisas divertidas.
 
 Joaquim Pessoa, in 'Ano Comum'

segunda-feira, 10 de março de 2014

Um olhar vazio de cetim...

Gostava de Escrever sobre Algo que Já Esqueci...

Não sobre Memórias Trucidadas pelo Tempo...
Não Exactamente sobre Lembranças Colhidas pelas Páginas Opacas da Vida...

Gostava de Escrever sobre os Rostos Inertes de Olhares Inexistentes...

Não obviamente sobre Fracções de Vida que os Minutos Esgotam...
Não claramente o Céu Varrido pelo Vento que se Dissipa no Horizonte...

Gostava de Escrever sobre Algo que Já Esqueci... 

 Regressar ao Passado Longínquo e Absorver os Nadas que ficaram Por Dizer...
Regressar ao Passado Presente e juntar-lhe os Tudos que Repousam Levitando...

Voltar a Escrever Histórias de Embalar num Profundo Silêncio...
Voltar a Escrever Amargas Noites em Dias Simétricos...

Rebuscar o Baú dos Sentimentos e Descobrir Rasuradas Lembranças...
Mergulhar na Placenta Do Passado e Voltar Assim...

Com uma Mão Cheia de Tudo e um Olhar Vazio de Cetim...

Gostava de Escrever sobre Algo que já Esqueci... 

Sobre como Eu era na Puberdade dos Sonhos...
Sobre o que Eu dizia no Inverno da Minha Gestação...

Sobre o que Eu fazia quando a Tristeza Me Invadia...

Sinto-me a Respirar por Trás do Vidro que Me Separa de Mim Mesmo...

Vivo...
Ainda...

Ou Será que já Me Esqueci?!

Com uma Mão Cheia de Tudo e um Olhar Vazio de Cetim...

  "O Escorpião com Asas de Anjo"

domingo, 9 de março de 2014

Hoje é só o que me apetece...


Mulher


Tem sempre presente que a pele se enruga, o cabelo embranquece, os dias convertem-se em anos…
Mas o que é importante não muda;
a tua força e convicção não têm idade.
O teu espírito é como qualquer teia de aranha. Atrás de cada linha de chegada, há uma de partida.
Atrás de cada conquista, vem um novo desafio. Enquanto estejas viva, sente-te viva.
Se sentes saudades do que fazias, volta a fazé-lo. Não vivas de fotografias amarelecidas…
Continua, quando todos esperam que desistas. Não deixes que enferruje o ferro que existe em ti. Faz com que em vez de pena, te tenham respeito.
Quanto não consigas correr através dos anos, trota. Quando não consigas trotar, caminha.
Quando não consigas caminhar, usa uma bengala.
Mas nunca te detenhas!!!

Madre Teresa de Calcutá

sexta-feira, 7 de março de 2014

Já não tenho tempo para lidar com mediocridades...


Contei meus anos e descobri
Que terei menos tempo para viver do que já tive até agora
Tenho muito mais passado do que futuro
Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de jabuticabas
As primeiras, ele chupou displicentemente
Mas, percebendo que faltam poucas, rói o caroço.

Já não tenho tempo para lidar com mediocridades
Inquieto-me com os invejosos tentando destruir quem eles admiram
Cobiçando seus lugares, talento e sorte
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas
As pessoas não debatem conteúdo, apenas rótulos
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos
Quero a essência... Minha alma tem pressa
Sem muitas jabuticabas na bacia
Quero viver ao lado de gente humana, muito humana
Que não foge de sua mortalidade
Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade.

Ricardo Gondim

quinta-feira, 6 de março de 2014

Momentos


Tanto. E sempre...


Gosto de gostar de ti.
Adoro amar-te tanto.
Amo adorar-te assim.

Quando me dou, gosto de me dar por inteiro.
Quando gosto não me sei dar só um pouco. Quando gosto não consigo deixar um pouco de mim comigo. Não gosto com cautelas. Não amo com precaução.

E não adoro só uma metade tua. Não gosto só de uma selecção de primeira escolha de ti. Não amo só as qualidades. Não convivo só com os lados felizes. Não gosto só do bonito de ti.

E quando me gostas como eu te gosto; quando me entendes como eu te entendo; quando me olhas como eu te olho; quando me sentes como te sinto: gosto de nós e amo gostar de nós.

Tanto. E sempre.

  Rita Leston 
 
 
 

terça-feira, 4 de março de 2014

E vi no brilho dos teus olhos a resposta que tanto esperava:..


Eu me encontrei em um emaranhado de perguntas onde achava impossível ter a resposta.
Vivo intensamente cada segundo que o sol me proporciona, e mesmo quando exausto do seu brilho, ele me entrega a serenidade do clarão da lua que reina absoluta.
Vim a este mundo para declamar a força dos ventos, o poder da terra, o calor do fogo, e transparência da água e me inebriar com as grandes tempestades que refletem a euforia do céu, enfim, eu vim para te provar que faço parte da realeza dos tempos, que não existem tormentos, nós é que damos maior proporção as minúcias, a resolverem-se rapidamente.
E vi no brilho dos teus olhos a resposta que tanto esperava:
Eu já era amado e não percebia, por que certa vez me dissestes que não se pronuncia o amor, apenas o sentimos, e te amei em silêncio e tive a certeza que este sentimento só é verdadeiro quando dói....E te falo com a intensidade da alma que está doendo !!!
 
 30/11/2013 O SILÊNCIO DO GOSTAR

  Beto Gávea