domingo, 27 de dezembro de 2015
Afinidade é ter perdas semelhantes e iguais esperanças, é conversar no silêncio, tanto nas possibilidades exercidas quanto das impossibilidades vividas.
Afinidade é retomar a relação no ponto em que parou sem lamentar o tempo de separação, porque tempo e separação nunca existiram, foram apenas oportunidades dadas pela vida.
Artur da Távola
quinta-feira, 17 de dezembro de 2015
Não sejas o de hoje.
Não suspires por ontens ...
Não queiras ser o de amanhã.
Faze-te sem limites no tempo.
Vê a tua vida em todas as origens.
Em todas as existências.
Em todas as mortes.
E sabe que serás assim para sempre.
Não queiras marcar a tua passagem.
Ela prossegue:
É a passagem que se continua.
É a tua eternidade ...
É a eternidade.
És tu.
Cecília Meireles.
Não suspires por ontens ...
Não queiras ser o de amanhã.
Faze-te sem limites no tempo.
Vê a tua vida em todas as origens.
Em todas as existências.
Em todas as mortes.
E sabe que serás assim para sempre.
Não queiras marcar a tua passagem.
Ela prossegue:
É a passagem que se continua.
É a tua eternidade ...
É a eternidade.
És tu.
Cecília Meireles.
A natureza nunca se repete. Não existem dois pingos de chuva iguais ou dois flocos de neve iguais. Nossas impressões digitais são todas diferentes, nos somos todos diferentes. Fomos feito pra sermos diferentes. Quando conseguimos aceitar isso, não existe mais nem competição nem comparação. Tentar ser como outra pessoa só serve para atrofiar nossa alma. Viemos nesse planeta pra expressar quem somos...
Louise L. Hay
terça-feira, 15 de dezembro de 2015
Olhava este momento que ia desaparecer, com saudade – porque nunca mais se repetiria no mundo. Nunca mais outro segundo igual nem na luz, nem na vibração, nem na ternura…
O momento em que me sorriste, baloiçado entre o nada e o nada, nunca mais se voltaria a repetir, idêntico e completo, em todos os séculos a vir! Estava ali a morte… está aqui a vida. Agora pergunto a mim mesmo se te deixo morrer; e a pergunta obsidia-me e exige resposta imediata. Sei tudo, tudo o que me podes dizer – já eu o disse a mim próprio. Até hoje falava a alguma coisa que me ouvia, hoje só interrogo a mudez, só a mim próprio me interrogo.
Raul Brandão
sexta-feira, 23 de outubro de 2015
Quantos anos tenho?
Tenho a idade em que as coisas são vistas com mais calma, mas com o interesse de seguir crescendo.
Tenho os anos em que os sonhos começam a acariciar com os dedos e as ilusões se convertem em esperança.
Tenho os anos em que o amor, às vezes, é uma chama intensa, ansiosa por consumir-se no fogo de uma paixão desejada. E outras vezes é uma ressaca de paz, como o entardecer em uma praia.
Quantos anos tenho? Não preciso de um número para marcar, pois meus anseios alcançados, as lágrimas que derramei pelo caminho ao ver minhas ilusões despedaçadas, valem muito mais que isso...
O que importa se faço vinte, quarenta ou sessenta?!
O que importa é a idade que sinto. Tenho os anos que necessito para viver livre e sem medos. Para seguir sem temor pela trilha, pois levo comigo a experiência adquirida e a força de meus anseios.
Quantos anos tenho? Isso a quem importa? Tenho os anos necessários para perder o medo e fazer o que quero e o que sinto...
José Saramago
domingo, 27 de setembro de 2015
Quantos anos tenho?
Quantos anos tenho?
Tenho a idade em que as coisas são vistas com mais calma, mas com o interesse de seguir crescendo.
Tenho os anos em que os sonhos começam a acariciar com os dedos e as ilusões se convertem em esperança.
Tenho os anos em que o amor, às vezes, é uma chama intensa, ansiosa por consumir-se no fogo de uma paixão desejada. E outras vezes é uma ressaca de paz, como o entardecer em uma praia.
Quantos anos tenho? Não preciso de um número para marcar, pois meus anseios alcançados, as lágrimas que derramei pelo caminho ao ver minhas ilusões despedaçadas, valem muito mais que isso...
O que importa se faço vinte, quarenta ou sessenta?!
O que importa é a idade que sinto. Tenho os anos que necessito para viver livre e sem medos. Para seguir sem temor pela trilha, pois levo comigo a experiência adquirida e a força de meus anseios.
Quantos anos tenho? Isso a quem importa? Tenho os anos necessários para perder o medo e fazer o que quero e o que sinto...
José Saramago
quarta-feira, 1 de abril de 2015
Tenho Saudades da Carícia dos Teus Braços
Tenho saudades da
carícia dos teus braços, dos teus braços fortes, dos teus braços
carinhosos que me apertam e que me embalam nas horas alegres, nas horas
tristes. Tenho saudades dos teus beijos, dos nossos grandes beijos que
me entontecem e me dão vontade de chorar. Tenho saudades das tuas mãos
(...) Tenho saudades da seda amarela tão leve, tão suave, como se o sol
andasse sobre o teu cabelo, a polvilhá-lo de ouro. Minha linda seda loira,
como eu tenho vontade de te desfiar entre os meus dedos!
Tu tens-me
feito feliz, como eu nunca tivera esperanças de o ser. Se um dia alguém
se julgar com direitos a perguntar-te o que fizeste de mim e da minha
vida, tu dizes-lhe, meu amor, que fizeste de mim uma mulher e da minha
vida um sonho bom; podes dizer seja a quem for, a meu pai como a meu
irmão, que eu nunca tive ninguém que olhasse para mim como tu olhas, que
desde criança me abandonaram moralmente que fui sempre a isolada que no
meio de toda a gente é mais isolada ainda.
Podes dizer-lhe que eu tenho
o direito de fazer da minha vida o que eu quiser, que até poderia fazer
dela o farrapo com que se varrem as ruas, mas que tu fizeste dela
alguma coisa de bom, de nobre e de útil, como nunca ninguém tinha
pensado fazer.
Sinto-me nos teus braços defendida contra toda a gente e
já não tenho medo que toda a lama deste mundo me toque sequer.
Florbela Espanca, in "Correspondência (1920)"
domingo, 22 de março de 2015
Como é que se Esquece Alguém que se Ama?
Como é que se esquece alguém que se ama? Como é que se
esquece alguém que nos faz falta e que nos
custa mais lembrar que viver?
Quando alguém se vai embora de repente como é que se faz para ficar?
Quando alguém morre, quando alguém se separa - como é que se faz quando a
pessoa de quem se precisa já lá não está?
As pessoas têm de morrer; os amores de acabar. As pessoas têm de partir, os sítios têm de ficar longe uns dos outros, os tempos têm de mudar Sim, mas como se faz? Como se esquece? Devagar. É preciso esquecer devagar. Se uma pessoa tenta esquecer-se de repente, a outra pode ficar-lhe para sempre. Podem pôr-se processos e acções de despejo a quem se tem no coração, fazer os maiores escarcéus, entrar nas maiores peixeiradas, mas não se podem despejar de repente. Elas não saem de lá. Estúpidas! É preciso aguentar. Já ninguém está para isso, mas é preciso aguentar. A primeira parte de qualquer cura é aceitar-se que se está doente. É preciso paciência. O pior é que vivemos tempos imediatos em que já ninguém aguenta nada. Ninguém aguenta a dor. De cabeça ou do coração. Ninguém aguenta estar triste. Ninguém aguenta estar sozinho. Tomam-se conselhos e comprimidos. Procuram-se escapes e alternativas. Mas a tristeza só há-de passar entristecendo-se. Não se pode esquecer alguém antes de terminar de lembrá-lo. Quem procura evitar o luto, prolonga-o no tempo e desonra-o na alma. A saudade é uma dor que pode passar depois de devidamente doída, devidamente honrada. É uma dor que é preciso aceitar, primeiro, aceitar.
É preciso aceitar esta mágoa esta
moinha, que nos despedaça o coração e que nos mói mesmo e que nos dá
cabo do juízo. É preciso aceitar o amor e a morte, a separação e a
tristeza, a falta de lógica, a falta de justiça, a falta de solução.
Quantos problemas do mundo seriam menos pesados se tivessem apenas o
peso que têm em si , isto é, se os livrássemos da carga que lhes damos,
aceitando que não têm solução.
Não adianta fugir com o rabo à seringa. Muitas vezes nem há seringa. Nem injeção. Nem remédio. Nem conhecimento certo da doença de que se padece. Muitas vezes só existe a agulha.
Dizem-nos, para esquecer, para ocupar a cabeça, para trabalhar mais, para distrair a vista, para nos divertirmos mais, mas quanto mais conseguimos fugir, mais temos mais tarde de enfrentar. Fica tudo à nossa espera. Acumulasse-nos tudo na alma, fica tudo desarrumado.
O esquecimento não tem arte. Os momentos de esquecimento, conseguidos com grande custo, com comprimidos e amigos e livros e copos, pagam-se depois em condoídas lembranças a dobrar. Para esquecer é preciso deixar correr o coração, de lembrança em lembrança, na esperança de ele se cansar.
Miguel Esteves Cardoso, in 'Último Volume'.
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015
Partiste mas..
Cinco anos de Saudade..
Partiste...mas não partiste...
Te foste embora...mas ficaste...
Tua ausência apenas ressalta o vazio
Mas o vazio está cheio de ti, que te ausentaste...
Partiste, mas não levaste
Nenhum dos nossos momentos...
Nenhum dos nossos sorrisos,
Nenhum dos instantes que vivi contigo...
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