domingo, 27 de novembro de 2011

Momentos

Momentos

Impressão digital

O inacabado que há em mim...

Eu me experimento inacabado. Da obra, o rascunho. Do gesto, o que não termina. Sou como o rio em processo de vir a ser. A confluência de outras águas e o encontro com filhos de outras nascentes o tornam outro. O rio é a mistura de pequenos encontros. Eu sou feito de águas, muitas águas. Também recebo afluentes e com eles me transformo,O que sai de mim cada vez que amo? O que em mim acontece quando me deparo com a dor que não é minha, mas que pela força do olhar que me fita vem morar em mim? Eu me transformo em outros? Eu vivo para saber. O que do outro recebo leva tempo para ser decifrado. O que sei é que a vida me afeta com seu poder de vivência. Empurra-me para reações inusitadas, tão cheias de sentidos ocultos. Cultivo em mim o acúmulo de muitos mundos. Por vezes o cansaço me faz querer parar. Sensação de que já vivi mais do que meu coração suporta. Os encontros são muitos; as pessoas também. As chegadas e partidas se misturam e confundem o coração. É nesta hora em que me pego alimentando sonhos de cotidianos estreitos, previsíveis.Mas quando me enxergo na perspectiva de selar o passaporte e cancelar as saídas, eis que me aproximo de uma tristeza infértil. Melhor mesmo é continuar na esperança de confluências futuras. Viver para sorver os novos rios que virão. Eu sou inacabado. Preciso continuar.Se a mim for concedido o direito de pausas repositoras, então já anuncio que eu continuo na vida. A trama de minha criatividade depende deste contraste, deste inacabado que há em mim. Um dia sou multidão; no outro sou solidão. Não quero ser multidão todo dia. Num dia experimento o frescor da amizade; no outro a febre que me faz querer ser só. Eu sou assim. Sem culpas.

 Fabio de Melo

Momentos

Teus Olhos...

Quero apenas cinco coisas.. Primeiro é o amor sem fim. A segunda é ver o Outono. A terceira é o grave Inverno. Em quarto lugar o Verão. A quinta coisa são teus olhos. Não quero dormir sem teus olhos. Não quero ser... sem que me olhes. Abro mão da Primavera para que continues me olhando.
Pablo Neruda

Momentos

O AMOR SEGUNDO OS TEUS OLHOS


O amor
segundo os teus olhos
é um momento espantoso
onde tudo é tão claro, tão puro.

Dentro de mim
é uma luz de essências
que servem de travesseiro aos anjos
que por ti se inspiram protegerem-me.

Olhando-te
olhos nos olhos
consigo até sentir mel na boca
que me sabe a ti, que só de ti saboreio.

O amor
segundo os teus olhos
é um espaço amplo, um espaço eterno.

É um lugar de poetas
onde a palavra amor é lua perfeita.

É um sabor macio
qual framboesa madura
me aroma floralmente o silêncio.

Teus olhos são pão do melhor trigo.

O teu olhar é um tinto
vermelho-granada de sabor intenso
que torna cada amanhecer uma sinfonia
de emoções que sinto generosidade da vida.

Olhares-me
é um banquete de fantasias
e arco-íris onde convidas singela
o meu corpo dançar à melodia das cigarras.

O amor
segundo os teus olhos
é uma linda alva de fábulas
por onde a minha alma parte até ao infinito.

Segundo os teus olhos,
amar-te é um mundo à parte
por toda a parte de qualquer mundo.

Teus olhos
são arrojo de beijos pomposos
que abrilhantam pérolas na tua voz.

O amor
segundo os teus olhos é o meu amar o mar.

É um jardim épico
onde o teu corpo é a fotossíntese
das flores com que perfumas meus olhos de amor. 
Autor Desconhecido

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

A dor é inevitável. O sofrimento é opcional.

Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas,
mas das coisas que foram sonhadas
e não se cumpriram.
Por que sofremos tanto por amor?

O certo seria a gente não sofrer,
apenas agradecer por termos conhecido
uma pessoa tão boa,
que gerou em nós um sentimento intenso
e que nos fez companhia por um tempo razoável,
um tempo feliz.
Sofremos por quê?

Porque automaticamente esquecemos
o que foi desfrutado e passamos a sofrer
pelas nossas projecções irealizadas,
por todas as cidades que gostaríamos
de ter conhecido ao lado do nosso amor
e não conhecemos,
por todos os filhos que
gostaríamos de ter tido junto e não tivemos,
por todos os shows e livros e silêncios
que gostaríamos de ter compartilhado,
e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados,
pela eternidade.

Sofremos não porque
nosso trabalho é desgastante e paga pouco,
mas por todas as horas livres
que deixamos de ter para ir ao cinema,
para conversar com um amigo,
para nadar, para namorar.

Sofremos não porque nossa mãe
é impaciente connosco,
mas por todos os momentos em que
poderíamos estar confidenciando-lhe
nossas mais profundas angústias
se ela estivesse interessada
em nos compreender.
Sofremos não porque nosso clube perdeu,
mas pela euforia sufocada.

Sofremos não porque envelhecemos,
mas porque o futuro está sendo
confiscado de nós,
impedindo assim que mil aventuras
nos aconteçam,
todas aquelas com as quais sonhámos e
nunca chegamos a experimentar.
Como aliviar a dor do que não foi vivido?
A resposta é simples como um verso:
Se iludindo menos e vivendo mais!!

A cada dia que vivo,
mais me convenço de que o
desperdício da vida
está no amor que não damos,
nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca,
e que, esquivando-se do sofrimento,
perdemos também a felicidade..

A dor é inevitável.

O sofrimento é opcional.

(Carlos Drummond de Andrade)

Reflexões

Momentos

sábado, 5 de novembro de 2011

Reflexões

Quer ser livre? Liberte-se da vontade de agradar o julgamento alheio.

Jajazito

Momentos

Ser mulher



Eu sou feita de carne, osso, curvas, sangue, desejos e vontades, sonhos, amores... de fases e ciclos. Sou o movimento de ser... ser simplesmente eu.

Sou feita de agua, de ar, fogo e terra, sou a noite e também o dia, amo profundamente mas não provoque o meu o outro lado, que ele existe e é tão poderoso quanto meu amor.

Tenho mil nomes, muitas faces e infinitas possibilidades, quando me vejo em cada mulher, em cada fêmea, em cada quadril, a cada ventre que cria e recria sua história todo mês, em rubro e rosa.

Movimento da vida, movimento da morte, o ciclo do renascimento. Giros e rodopios, ondulações, movimentos que trazem o equilíbrio traduzindo o Amor em nossos corpos... Verto-me em prazer. Êxtase...

Bolinhas de sabão, brincar na lama, guerra de ma-mona, ficar apenas largatixando no sol, ser bicho, uivar para a Lua, apurar nosso faro, correr pelos campos, pular nos galhos, gargalhar...

Aspirar a plenitude. Sou criança, sou jovem, sou velha, mãe, guerreira, filha, cozinheira, neta, dançarina.
Sou a espada e a flor. A borboleta das metamorfoses, do ballet das mudanças... Sou Completa, inteira...

Danço para criar... crio o meu mundo, curo minhas dores, meus sonhos, meus amores. Nesta dança sou aprendiz e sou a mestra...

Sou Mulher,
Sou a Loba,
Sou a Bruxa,
Sou a Fada,
Sou tudo tudo, e também posso ser nada...
Me desfaço no som, e me recrio a cada passo,
Sou Inteira,
Sou Rubra,
Sou Rosa,
Sou a Deusa,
Sou eu mesma, do meu jeito, dos meus feitos, dentro e fora do meu peito.
Sou Sagrada.
Sou Mulher

Jad le Morgain

Momentos