Análise séria e acutilante, humorada ou entristecida, do Portugal dos nossos dias, da cidadania nacional e do modo como somos governados e conduzidos.
Enfim, um local onde se faz o retrato do país em que vivemos e que muitos bem gostariam de ver melhor!
Por: Helena Sacadura Cabral
A verdade da mentira
Talvez aquilo que menos perdoo seja a mentira.
Ela mina a confiança, que é base vital da vida em comum, seja na esfera privada, seja na esfera pública.
Até no casamento considero que a falta à verdade é motivo mais que suficiente para um divórcio. E sei do que falo.
Talvez por isso respeite pouco quem faz da mentira profissão.
E se outros dolorosos motivos não tivesse para detestar a política - um sogro, um cunhado, um marido e dois filhos, nessa área que infernizou a minha vida - a sistemática falta à verdade daqueles que a exercem, conduzir-me-ia ao mesmo resultado.
Assim, depois da dose dupla que foi ter ouvido o PM - lá longe onde estava - prometer que não haveria mais cortes em salários e pensões e ter assistido à entrevista de Ricardo Costa a Durão Barroso - transformado no cordeiro da paz - a garantir não ter qualquer ambição de ser Presidente da República, fechei a tv com a certeza de que iríamos mesmo assistir ao contrário do que qualquer deles afirmara.
Porquê, perguntarão? Porque a palavra dos políticos - governo e oposição - está mais gasta do que eu.
Com a vantagem, para mim, de nunca ter feito uma plástica na vida...
Será que a gente que nos governa e a gente que a ela se opõe, não terá ainda percebido que no momento que atravessamos, a verdade da mentira já não convence ninguém?!