quinta-feira, 29 de março de 2012

E assim sou...


 E assim sou,
fútil e sensível,
capaz de impulsos violentos e absorventes,
maus e bons, nobres e vis,
mas nunca de um sentimento que subsista,
nunca de uma emoção que continue,
e entre para a substância da alma.
Tudo em mim é a tendência para ser a seguir outra coisa;
uma impaciência da alma consigo mesma,
como com uma criança inoportuna
um desassossego sempre crescente e sempre igual.
Tudo me interessa e nada me prende.

Fernando Pessoa

quarta-feira, 28 de março de 2012

A minha vida é uma viagem sem destino

Agora nunca é tarde...


sábado, 24 de março de 2012

Passou-se um dia...


Passou mais uma hora…
Passou-se um dia…
Já passou meses…
Espero que passe anos…
Muitos anos…
Porque tudo passa…
E é muito bom que tudo passe…
Passam as alegrias…
Mas…
Também se passam as tristezas e as dores…
O tempo passa depressa...
E passa mais rápido junto com a vida…
Vida que vai enfraquecendo…
Até que um dia também ela passa…
É a nossa existência passará...
Passará com o tempo...
Mas ficam as pessoas com quem se esteve um dia…
Com quem sentimos as alegrias…
Tristezas…
Arrependimentos e mágoas…
Alegrias dos bons momentos…
Das gargalhadas que demos...
Das lágrimas que deitamos...
Das dores que sentimos...
Tristezas do mal que um dia nos fizeram…
Intencionalmente…ou não…
Os arrependimentos são sempre tardios...
E as mágoas quando existem...
Serão para sempre jamais esquecidas…

quinta-feira, 22 de março de 2012

Sonhos sem Ilusões


  Saber não ter ilusões é absolutamente necessário para se poder ter sonhos. Atingirás assim o ponto supremo da abstenção sonhadora, onde os sentimentos se mesclam, os sentimentos se extravasam, as ideias se interpenetram. Assim como as cores e os sons sabem uns a outros, os ódios sabem a amores, e as coisas concretas a abstractas, e as abstractas a concretas. Quebram-se os laços que, ao mesmo tempo que ligavam tudo, separavam tudo, isolando cada elemento. Tudo se funde e confunde.

Fernando Pessoa, in 'O Livro do Desassossego'

quarta-feira, 14 de março de 2012

Quem não te procura, não sente a tua falta...


Quem não te procura, não sente a tua falta. Quem não sente a tua falta, não te ama. O destino determina quem entra na tua vida, mas só tu é que decides quem fica nela. A verdade dói só uma vez. Há três coisas na vida que nunca mais voltam: as palavras, o tempo, e as oportunidades. Então, valoriza apenas quem te valoriza e não trates como prioridade quem te trata como opção.

Eu sou a outra que eu sou...

Abomino o ser "porque sim", ser porque os outros são, pensar o que os outros pensam, fazer o que os outros querem que se faça ou esperam que assim seja ou porque é assim que deve ser... Chega!

Não quero trocar de pele nem tatua-la com as aspirações, os medos ou os ascos dos outros. Não quero esperar quando me apetece avançar, não vou calar mais as palavras que quero dizer.

Não vou pretender ser, quero ser plenamente, aqui, ali, onde quer que seja. Conhecer céus e o os infernos todos é o meu trilho. Não me dêem piedades nem palavras ocas de sentimento. Não as quero. A dor dos outros não é a minha, a minha às vezes, quantas?, também não a é. Desconheço-me e a ninguém conheço.

Eu sou água em movimento, indiferente aos que nela se afogam, miragem e sedução, sedenta de marés convulsas desfragmentada entre luas. Terra ora fecunda ora árida, terra dolente, cálida ou gelada, alimento e sepultura. Não é o ar alheio que alimenta o meu fogo.

Eu sou a outra que eu sou, reflexos de mim num espelho côncavo ou convexo tanto faz, eu sou a outra e a outra só eu sou. Eco de mim nunca mais. Antes grito que lamento, antes o vómito à repugnância engolida. Prefiro os ventos, galernos, espertos ou ventantes, arribarei sempre ao meu porto apesar dos xaroucos. Sou nau e tenho vela, latina ou quadrada tanto faz, nau de loucos ou barca bela, sou a nau e irei ao zénite ou ao nadir ao sê-la.

domingo, 11 de março de 2012

Temos de saber o que é ou não IMPORTANTE para nós....



Temos de saber o que é ou não IMPORTANTE para nós.... A escolha INTELIGENTE implica um sentido realista dos valores e um sentido realista das proporções. Este processo de escolha - de aceitação por um lado e de rejeição pelo outro - começa na infância e continua pela vida fora.
NÃO PODEMOS TER TUDO O QUE AMBICINAMOS.......
Com uma vida limitada não podemos ser ou fazer tudo. Estamos constantemente a ter de escolher com que e com quem passar o nosso tempo. Cultivar amizades toma tempo. Às vezes temos de recusar encontros e desapontar muitas pessoas para termos tempo de alcançar os nossos fins. TODOS OS DIAS TEMOS.. de escolher entre as coisas que estão à venda. Não podemos ter o mundo inteiro, tal como uma criança não pode comprar todos os rebuçados de uma doçaria se tiver apenas um cêntimo. Esta é uma das grandes lições da vida. Temos de escolher na altura própria, e o destino é a seara que cresce da semente da escolha.
A fórmula para uma escolha inteligente exige não só um profundo conhecimento de NÓS PROPRIOS como uma AFIRMAÇÃO da NOSSA PROPRIA MANEIRA DE SER......

sábado, 10 de março de 2012

Tudo começa pela fantasia.


Tudo começa pela fantasia.
Tudo!
Antes era apenas o pulsar... do coração inquieto.
Veio a 2ª noite - uma extensão da noite anterior.
Para alguns a noite não termina... nunca.
A imaginação transforma o homem coxo em condor.
Do labirinto é necessário sair. 
A lua chama a todos os solitários, aqueles que são prisioneiros de si mesmos,
os criadores de ilusão.
Ilusão - aquilo que é mais inventado pela mente humana.
O homem tem, inclusive, a ilusão de que é solitário. Mas ninguém encarnado conseguirá esta proeza - a verdadeira solidão.
Nenhum homem que possui passado conhece a solidão, assim como o homem que sonha um futuro, seja que futuro for não viverá sozinho.
Somente o condor é solitário porque alto, o mais alto possível voa.
A lua, traiçoeira, se esconde.
Vem o sol, calor que sopra vida,
morte para Ícaro.
Amor em excesso derrete toda a cera, ficam as penas.
Penas flutuantes em um mar azul claro... sereno.
A solidão chega em azul.
Não se pode tocar o sol, apenas contemplá-lo.

"Quando ele morrer, apanha-o e divide-o em pequeninas estrelas..."

quinta-feira, 8 de março de 2012

Mude


"Mude, mas comece devagar, porque a direção é mais importante que a velocidade.



Sente-se em outra cadeira, no outro lado da mesa. Mais tarde, mude de mesa.



Quando sair, procure andar pelo outro lado da rua. Depois, mude de caminho, ande por outras ruas, calmamente, observando com atenção os lugares por onde você passa.



Tome outros ônibus. Mude por uns tempos o estilo das roupas. Dê os teus sapatos velhos. Procure andar descalço alguns dias. Tire uma tarde inteira para passear livremente na praia, ou no parque, e ouvir o canto dos passarinhos.



Veja o mundo de outras perspectivas. Abra e feche as gavetas e portas com a mão esquerda. Durma no outro lado da cama... depois, procure dormir em outras camas.



Assista a outros programas de tv, compre outros jornais... leia outros livros, Viva outros romances. Não faça do hábito um estilo de vida. Ame a novidade.



Durma mais tarde. Durma mais cedo. Aprenda uma palavra nova por dia numa outra língua. Corrija a postura. Coma um pouco menos, escolha comidas diferentes, novos temperos, novas cores, novas delícias.



Tente o novo todo dia. o novo lado, o novo método, o novo sabor, o novo jeito, o novo prazer, o novo amor, a nova vida. Tente. Busque novos amigos. Tente novos amores. Faça novas relações. Almoce em outros locais, vá a outros restaurantes, tome outro tipo de bebida, compre pão em outra padaria. Almoce mais cedo, jante mais tarde ou vice-versa.



Escolha outro mercado... outra marca de sabonete, outro creme dental... tome banho em novos horários. Use canetas de outras cores. Vá passear em outros lugares. Ame muito, cada vez mais, de modos diferentes. Troque de bolsa, de carteira, de malas, troque de carro, compre novos óculos, escreva outras poesias.



Jogue os velhos relógios, quebre delicadamente esses horrorosos despertadores. Vá a outros cinemas, outros cabeleireiros, outros teatros, visite novos museus. Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as. Seja criativo. E aproveite para fazer uma viagem despretensiosa, longa, se possível sem destino.



Experimente coisas novas. Troque novamente. Mude, de novo. Experimente outra vez. Você certamente conhecerá coisas melhores e coisas piores do que as já conhecidas, mas não é isso o que importa. O mais importante é a mudança, o movimento, o dinamismo, a energia.



Só o que está morto não muda ! Repito por pura alegria de viver: a salvação é pelo risco, sem o qual a vida não vale a pena!!!! "

Edson Marques

Gaste seu amor...

Gaste seu amor. Usufrua-o até o fim. Enfrente os bons e os maus momentos, passe por tudo que tiver que passar, não se economize. Sinta todos os sabores que o amor tem, desde o adocicado do início até o amargo do fim, mas não saia da história na metade. Amores precisam dar a volta ao redor de si mesmo, fechando o próprio ciclo. Isso é que libera a gente para ser feliz de novo.


Martha Medeiros

quarta-feira, 7 de março de 2012

Amor distante..

"Ah! Como eu quero viver o amor que um dia experimentei.
É um amor distante, mas muito presente.
É um amor lindo, muito lindo, mas eu ainda não o vi de perto.
É um amor forte, mas que nos torna sensíveis, simples e inocentes como crianças.
É um amor grande, mas que nos torna pequenos e desprovidos de desejos de grandeza.
É um amor de primavera, mas que está presente em todas as estações do ano.
É um amor atrevido, mas que sabe respeitar o coração amado.
É um amor que chora com a distância e uma possível separação, mesmo quando os corpos nunca estiveram juntos.
É um amor que traz paz em meio a tanta dor causada pela distância.
É um amor que encurta a distância e une dois corações em um só coração.
É um amor que dá esperança de encontro inesquecível.
É um amor que dá a certeza de nos pertencermos, mesmo quando as impossibilidades são reais.
É um amor que vivifica.
É assim!
Isto é o nosso amor."

terça-feira, 6 de março de 2012

Momentos

Sou como um livro...

"Sou como um livro. Há quem me interprete pela capa. Há quem me ame apenas por ela. Há quem viaje em mim. Há quem viaje comigo. Há quem não me entenda. Há quem nunca tentou. Há quem sempre quis ler-me. Há quem nunca se interessou. Há quem leu e não gostou. Há quem leu e se apaixonou. Há quem apenas busca em mim palavras de consolo. Há quem só perceba teoria e objectividade. Mas, tal como um livro, sempre trago algo de único... o melhor de mim..."

segunda-feira, 5 de março de 2012

MEDITAÇÕES DO DESASSOSSEGO


Um homem pode se tiver a verdadeira
sabedoria, gozar o espectáculo inteiro do
mundo numa cadeira, sem saber ler,
sem falar com alguém, só com o uso
dos seus sentidos e a alma não saber
ser triste.

A ânsia de compreender que para tantas
almas nobres substitui a de agir, pertence
à esfera da sensibilidade. Substituir e
Inteligência à energia, quebrar o elo
entre a vontade e a emoção, despindo
de interesse todos os gestos da vida
material, eis o que conseguido, vale
mais que a vida, tão difícil de possuir
completa e tão triste de possuir parcial.

Feliz quem não exige da vida mais do
que ela espontaneamente lhe dá,
guiando-se pelo instinto dos gatos,
que buscam o sol quando há sol
e quando não há sol o calor, onde
quer que esteja.

Feliz quem abdica da sua personalidade
pela imaginação e se deleita na contemplação
das vidas alheias, vivendo, não todas as
impressões, mas o espectáculo externo
de todas as impressões.

Bernardo Soares

sexta-feira, 2 de março de 2012

Momentos

Dança comigo essa poesia...

Dança comigo essa poesia?
nem precisamos de melodia...
basta o ritmo do coração
sentimento pulsando na boca e nas mãos...

Dança comigo essa melodia de amor,
abraços,respiração ofegante,
paixão que queima todo o corpo
impetuoso, alucinado pelo desejo...

Dança comigo, essa noite
e todos os dias que virão,
depois dessa descoberta:
de que nascemos um para o outro...

Vem, vamos ao balanço das emoções
olhos nos olhos,
olhos fechados,
beijos pudicos e cheios de pecado

Dança comigo,
meu corpo... do seu
está enamorado...
juntos, só faremos poesia:

poesia dos encantados,
apaixonados
vem, dança comigo essa cantiga...
seremos eternos namorados...

(Margaret Pelicano)

Momentos

Momentos

Há palavras que nos beijam


Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca,
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.

Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto,
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.

De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas, inesperadas
Como a poesia ou o amor.

(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído,
No papel abandonado)

Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.

  Alexandre O'Neil