quarta-feira, 14 de março de 2012

Eu sou a outra que eu sou...

Abomino o ser "porque sim", ser porque os outros são, pensar o que os outros pensam, fazer o que os outros querem que se faça ou esperam que assim seja ou porque é assim que deve ser... Chega!

Não quero trocar de pele nem tatua-la com as aspirações, os medos ou os ascos dos outros. Não quero esperar quando me apetece avançar, não vou calar mais as palavras que quero dizer.

Não vou pretender ser, quero ser plenamente, aqui, ali, onde quer que seja. Conhecer céus e o os infernos todos é o meu trilho. Não me dêem piedades nem palavras ocas de sentimento. Não as quero. A dor dos outros não é a minha, a minha às vezes, quantas?, também não a é. Desconheço-me e a ninguém conheço.

Eu sou água em movimento, indiferente aos que nela se afogam, miragem e sedução, sedenta de marés convulsas desfragmentada entre luas. Terra ora fecunda ora árida, terra dolente, cálida ou gelada, alimento e sepultura. Não é o ar alheio que alimenta o meu fogo.

Eu sou a outra que eu sou, reflexos de mim num espelho côncavo ou convexo tanto faz, eu sou a outra e a outra só eu sou. Eco de mim nunca mais. Antes grito que lamento, antes o vómito à repugnância engolida. Prefiro os ventos, galernos, espertos ou ventantes, arribarei sempre ao meu porto apesar dos xaroucos. Sou nau e tenho vela, latina ou quadrada tanto faz, nau de loucos ou barca bela, sou a nau e irei ao zénite ou ao nadir ao sê-la.

1 comentário:

  1. A dor dos outros não é a minha, a minha às vezes, quantas?, também não a é.

    QUando será que a outra se revela??

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