segunda-feira, 7 de maio de 2012

O direito de ser anormal

O que você acha disso ou daquilo? Pouco me importa!

O interessante em tudo é que as coisas nem sempre são exactamente do jeito que parecem. Aliás, isso quase nunca acontece, o que não deixa de ser normal. Ou melhor, comum. Porque a acepção que damos à palavra normal não deveria nem existir, já que, na prática não existem pessoas normais ou não. O que existe na verdade são padrões de comportamentos para a boa convivência em nível social que costumam ser seguidos para se conquistar a desejada aceitação. Esse é o bom e velho senso comum, mas nada disso significa que, no âmago dos seus seres, as pessoas mantenham esse mesmo padrão aceito socialmente nos seus pensamentos internos ou nos seus anseios mais íntimos.

Afinal de contas, o que é ser normal?

Fazer tudo como diz uma certa regra que não sei quem disse que é correto sem precisar nem questionar a real motivação ou intenção de tudo isso?

Não. Isso não é ser normal e muito menos um anormal. É simplesmente ser escravo de um tirano que nem se sabe direito quem é. E o pior: ele vive dentro de você.

O entendimento comum diz que normal é o oposto de louco. Nesse caso ‘normal’ seria o mesmo que ‘são’. Mas para ser normal, dentro dos parâmetros da nossa sociedade superficial e hipócrita é negar os mais profundos instintos da natureza humana, acarretando milhares e milhares de problemas, que geram isso, aquilo e leva o mundo a essa infindável sensação de desnorteio, de dúvida, de indecisão, de estar cada dia mais perdido, de sintomas psicóticos...

Ser normal é ser são? Prefiro pensar que se permitir certas loucuras é o passe livre para verdadeira sanidade, só que essa palavra acaba virando uma grande limitação. É só analisar a complexidade da realidade que, de um ponto de vista conservador, pode ser considerada meio insano.

Por isso, todos os dias depois que acordar, olhe-se no espelho e, com um sorriso de orelha a orelha, brade bem forte: “Eu sou um anormal!” Por mais que sua vizinha de 75 anos diga “Deus me livre e guarde” ao ouvir seu grito às 7 da matina, você vai começar a se livrar desses pré-conceitos que aprisionaram a mente dessa sua mesma vizinha, fazendo-a achar tudo que é novo, diferente e fora dos padrões é simplesmente “horrrrrrível” (a acentuação do ‘r’ é uma necessidade no linguarejar geriátrico).

Está na hora de se quebrar os velhos paradigmas. Está na hora de reconhecer o ponto de mutação e ser verdadeiramente livre.

Mas que diabos ser livre realmente quer dizer?

Livre não é aquele que se enquadra a todas as normas impostas pela sociedade. Livre é aquele que sabe conviver com tudo isso, caminhando harmoniosamente entre os dois extremos sem vê-los como opostos, mas como partes complementares da mesma coisa, e ainda ter plena consciência da sua individualidade.

Ainda estamos andando aos trupicões em busca desse objectivo, mas como diria o velho lobo Zagallo, “nós vamos chegar lá.
Marcelo Gavini

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